O sábado amanheceu mais triste para a comunidade de Barra do Garças, com a notícia do falecimento de Amarílio Carvalho, aos 91 anos. O professor e ambientalista, que encantou a todos como o Papai Noel local, teve um infarto em Fortaleza, Ceará, onde participou do Congresso Panamericano de Esperanto. A cultura local sofre uma imensa perda com o seu passagem.
Segundo relatos, Amarílio sentiu-se mal após sessão do congresso na noite de sexta-feira. Ele comentou com seu amigo e também ambientalista Ciro Gomes de Freitas sobre a queda da pressão arterial, atribuída ao consumo excessivo de doces durante o evento. Após pedir para voltar ao hotel, Amarílio deitou-se para descansar, mas não conseguiu ver o novo dia. Foi encontrado por Ciro na manhã seguinte, vítima de uma parada cardíaca.
Nascido em Niterói-RJ, Amarílio escolheu Barra do Garças como seu lar por 35 anos. Aposentado dos Correios, foi o benjamim de sua família, agora todos precedentes por ele na morte. A comunidade, junto à sobrinha de Amarílio residente em Brasília, está em luto e discute onde será o seu sepultamento, considerando-se inclusive a possibilidade de traslado do corpo para Barra do Garças, conforme cobertura do plano funerário de que dispunha.
Conhecido por sua dedicação ao jardim das Águas Quentes e por suas ações sociais, Amarílio também ficou marcado por sua candidatura a vereador em 2020. Com 87 anos, era o candidato mais velho de Mato Grosso, carregando uma paixão pela figura histórica de Tiradentes. Ele creditou sua vitalidade ao estudo da vida do mártir da independência e ao uso da Aloe Vera, descrita por ele como um remédio poderoso.
A vida de Amarílio foi pautada pela espiritualidade e uma missão cultural, como demonstrada na noite de 2002, quando uma voz misteriosa o modernizou a divulgar a história de Tiradentes. Fiel a essa inspiração, Amarílio levou a história de Tiradentes para os palcos de todo o Brasil e do mundo, em monólogos apresentados até mesmo em Esperanto.
Sua figura icônica de Papai Noel ecoará nas memórias das festividades de Natal de Barra do Garças, onde ele não somente distribuía presentes, mas também esperança e alegria. Amarílio deixa não apenas um legado de serviço público, mas uma lembrança imorredoura de alguém que viveu plenamente para sua comunidade e suas paixões.
A comunidade de Barra do Garças, assim como o cenário cultural e linguístico que Amarílio tanto amava, se despede de um ícone, um amigo e um exemplo de vida.