Com o "maior rombo da história" e beirando a insolvência, Correios patrocinaram uma feira do livro em Bogotá para "melhorar a imagem institucional"

BOGOTÁ, 28 de dezembro — A estatal Correios, que neste ano deverá registrar o maior prejuízo de sua história, superando o período do governo Dilma Rousseff, gastou ao menos R$ 34 milhões com patrocínio de eventos culturais em 2024 para "melhorar a imagem institucional" e "ampliar o alcance e visibilidade da marca" que não tem concorrentes em boa parte dos serviços postais — A cifra representa um aumento de 916,5% em relação ao gasto do ano passado e de 7.807% em comparação com o período de 2019 a 2022, ultrapassando a média anual de R$ 430 mil registrada nesse intervalo.

Entre os eventos patrocinados pela estatal, atualmente presidida pelo advogado Fabiano Silva dos Santos (47), indicado pelo Grupo Prerrogativas e conhecido como "Churrasqueiro do Lula", está a 36ª Feira Internacional do Livro, realizada em abril em Bogotá, Colômbia, que teve como temática a natureza e recebeu, sozinha, R$ 600 mil em patrocínio. O presidente Lula, que mantém uma estreita amizade com o presidente colombiano Gustavo Petro, foi um dos convidados e discursou na abertura do evento.

Uma das exigências para o patrocínio do evento na Colômbia, onde a estatal brasileira não atua, foi a realização de uma palestra intitulada "Sustentabilidade nos Correios: impacto e eficiência para todos". A apresentação foi conduzida pela diretora de Governança e Estratégia da estatal, Juliana Picoli Agatte, cargo indicado pelo próximo presidente do PT, Edinho Silva.

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Outros eventos que ocupam as primeiras posições no top 10 de patrocínios dos Correios são: Lollapalooza (R$ 6 milhões), Confederação Brasileira de Ginástica (R$ 4,5 milhões), Turnê Templo Rei, com Gilberto Gil (R$ 4 milhões), Jogos Universitários Brasileiros (3 milhões), Casa Brasil (R$ 2 milhões), Funn Festival (R$ 1,9 milhão), E-Commerce Brasil 2024 (R$ 1,2 milhão), Bumba Meu São João (R$ 1 milhão) e Sertões BRB 2024 (R$ 1 milhão).

"Os Correios investem em patrocínio com vieses institucional e concorrencial. Todos os contratos visam potencializar a marca e os negócios, conforme diretrizes e parâmetros específicos, com base nos normativos e na legislação, e estão alinhados ao plano estratégico da empresa" -Correios

De janeiro a setembro deste ano, conforme dados oficiais, o caixa dos Correios registrou um prejuízo superior a R$ 2 bilhões. Esse rombo, que já é considerado recorde, se aproxima do déficit de R$ 2,1 bilhões enfrentado pela estatal em todo o ano de 2015.

Como justificativa para o prejuízo, os Correios, que neste fim de ano pagaram um "vale peru" de R$ 2.500 para cada um de seus quase 85 mil funcionários, culpam o governo anterior e a queda dos serviços por conta da chamada "taxa das blusinhas", que foi criada pelo governo atual (equipe econômica) e tirada do papel através de um jabuti do Congresso, que atuou sob um forte lobby de grandes representantes do Varejo.

(Matéria em atualização)